sábado, 17 de março de 2012

Introdução

Este trabalho surgiu no ambito da disciplina de Psicologia B, da Escola Secundária de Pinhel e tinha como principal objectivo compreender de uma forma geral o que é a mente e os seus processos mentais.

Partiu-se então do conceito o que é a mente humana , dando a conhecer as diferentes teorias e métodos que ne-la se debruçam, fazendo-se tambem uma ponte entre a mente e o cérebro, visto serem duas realidades completamente distintas.
De seguida irão ser descritos os processos mentais e tudo o que neles circunda. Os primeiros a serem expostos foram os processos cognitivos. Os processos cognitivos estão relacionados com o saber, com o conhecimento e utilizam sempre a informação do meio interno e externo.
De entre os processos cognitivos estão, a percepção, a memória e a aprendizagem. Mas neste trabalho iremos nos centralizar apenas na aprendizagem.
Irá também ser descrita brevemente a teoria comportamentalista/behavorista, dando a conhecer dois tipos de aprendizagem completamente diferentes. O condicionalismo clássico e o operante, assim como os estudos experimentais pertencentes a cada um deles.
Após isto irão ser apresentados os processos emotivos e as diferentes alterações corporais ou fisiológicas que podem desencadear. Explorar-se-á também os diferentes tipos de funções das emoções.
Por fim, descreve-se o último dos processos o conativo explorando o conceito de tendência e intencionalidade.


A mente Humana

A mente humana
A questão o que é a mente? Já foi debatida por inúmeros filósofos durante vários séculos. Tem sido objecto de investigação permanente devido aos fenómenos mentais serem invisíveis. Esta questão é um verdadeiro enigma para muitos.
Existem entidades, como por exemplo religiões, que a caracterizam como “espirito”, ou até mesmo “alma”, ou seja relatam-na como algo que possui de alguma forma um caracter peculiar e que permuta mesmo após a nossa morte.

O cerebro humano
Muitos a consideram como sendo parte do nosso cérebro, mas na verdade elas são duas realidades distintas, a mente não é material como o cérebro, ela não pode ser submetida a uma cirurgia ou até ser simplesmente fotografada. Esta realidade complexa esconde-se por detrás das nossas vivências e actos, ela é como uma máquina fotográfica, que dispara sobre a nossa frente uma sucessão de pensamentos que levam a acontecimentos que por sua vez ligam o individuo ao mundo que o rodeia.

A mente humana consegue gravar tudo o que nós enviamos, ou até mesmo o que os outros nos enviam. Uma vez aceites por o nosso cérebro, estes vão executar estas acções independentes dos resultados que nos possam trazer.
Durante muito tempo a mente foi associada ao raciocínio, á produção de emoções, sentimentos…, ou seja á dimensão cognitiva. Esta concepção da mente foi mudando ao longo do tempo, até porque nem todos os processos mentais são obrigatoriamente conscientes, eles também podem ser não conscientes.

Processos mentais - Cognitivos

 Os chamados “processos mentais” interagem com a nossa vida em três dimensões, ou seja ligam-se ao nosso saber ao sentir e ao fazer. Estes processos surgem logo após o nosso nascimento, para que consigamos nos relacionar com a realidade física e social. O primeiro dos processos a ser definido é o chamado processo cognitivo[1]. Este está relacionado com o saber, com o conhecimento, utilizando sempre a informação do meio interno e externo. De entre os processos cognitivos estão:
a)      A percepção;
b)      A memória;
c)       A aprendizagem.
Mas o que nos interessa mais especificamente dentre destes processos é a aprendizagem. A aprendizagem é a capacidade de que quotidianamente necessita-mos para responder adequadamente às diferentes solicitações e desafios que se nos colocam na nossa interacção com o meio. Mas será que existe apenas um único tipo de aprendizagem, ou seja, aprende-se sempre da mesma maneira, independentemente do objectivo da aprendizagem?

Figura 1.1 - Elementos caracterizadores da aprendizagem


Segundo (Pinto, Jorge, 1999), “a aprendizagem é uma capacidade que pomos em acção quotidianamente para dar respostas adaptadas às solicitações e desafios que se nos colocam devido às nossas interacções com o meio”. Já para (Coimbra, et.al, 2002) é o “Conjunto de processos psicológicos (cognitivos, emocionais, motivacionais e comportamentais) que permitem que as pessoas adquiram (ou aprendam) algo de novo”.

A aprendizagem tem como finalidade ajudar a desenvolver as capacidades nos indivíduos para que eles possam estabelecer relações com o meio em que vivem. Assim desta forma, a mesma está inevitavelmente ligada á história do homem, à sua construção enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações.
Quanto aos processos de aprendizagem, estes podem ser divididos em dois tipos, a não simbólica (não associativa e associativa), e a simbólica. Dentro da aprendizagem simbólica temos a aprendizagem por habituação, que consiste na diminuição da tendência para responder a estímulos que por vezes se tornam familiares, devido á exposição consecutiva aos mesmos. Assim aprendemos a ignorar estímulos conhecidos, aumentando a nossa capacidade de adaptação a outras aprendizagens que possam surgir.

Estes dois tipos de aprendizagem foram defendidos por Ivan Pavlov[2], que afirmava que a aprendizagem resultava de associações entre estímulos e respostas.

O (E) estímulo é qualquer elemento do meio que produz efeito sobre o organismo, provocando uma reacção ou alteração no comportamento. A (R) resposta é qualquer actividade do organismo que sucede á captação do estímulo, pode ser um movimento, uma secreção glandular, um pensamento ou emoção. Ivan Pavlov desenvolveu alguns conceitos que a seguir se apresentam.
Figura 1.2 – Conceitos desenvolvidos por Ivan Pavlov.

Outro dos estudos acerca da aprendizagem foi feito por Thorndike e Skinner, que estudaram o comportamento do organismo como um todo. Na sequência das suas experiências Thorndike enunciou a Lei do Efeito, que diz que uma resposta seguida de um reforço positivo tem mais probabilidade de ocorrer.  


 



[1] O termo cognição designa um conjunto de processos de conhecimento adquiridos, que se adaptam e que permitem uma progressiva capacidade de resolver problemas.
[2] Ivan Pavlov foi um cientista Russo que se dedicou ao estudo do condicionamento.


Teorias comportamentalistas / Behavoristas

O Behaviorismo foi um estudo científico, puramente objectivo, do comportamento humano, iniciado em 1913 por Watson. Neste movimento destacam-se fundamentalmente dois tipos de aprendizagem, o condicionamento clássico e o condicionamento operante.

Condicionamento Clássico

Os primeiros estudos experimentais em laboratório nesta área foram feitos por Pavlov, dedicados essencialmente á secreção de saliva nos cães. Nesta experiencia Pavlov observou que os cães salivavam não só com o sabor da comida como também com a visão da mesma, ou pela pessoa que a trazia, ou até mesmo com o som dos passos.
Assim, resolveu aprofundar mais este estudo investigando mais o conceito de reflexo. Para estudar esta aprendizagem o cientista acompanhava a carne com um toque de campainha (estimulo neutro) e verificou que o cão continuava a salivar.
Aqui o acto de salivar tem o nome de resposta condicionada, pois esta é inata, ou seja é um estímulo que a provocou (um estímulo não condicionado ou incondicionado). Apos isto Pavlov continuou a repetir várias vezes esta associação de estímulos, levando o cão a esperar que a carne aparecesse quando a campainha tocar. Passado algum tempo Pavlov constatou que o cão assim que ouvia a campainha salivava (ver video abaixo).

Condicionamento Operante

O outro tipo de aprendizagem é o condicionamento operante. Este processo de aprendizagem foi identificado e analisados por dois psicólogos, Edward Thorndike e Burrhus Frederic Skinner. Este tipo de comportamento é composto por um estímulo, seguido de um comportamento que dará um resultado.
Ocorre quando o organismo aprende a associar o comportamento com as consequências que resultam desse comportamento, tomando a resposta mais provável ou mais frequente. Se o comportamento tiver resultados positivos, tende a ser realizado com maior frequência, mas se eventualmente tiver resultados negativos este tende a ser repetido com menor frequência.
O método desta pesquisa consistia em colocar um animal, por exemplo um gato faminto numa caixa denominada “caixa-problema”, onde só poderia sair se executa-se a sua tarefa (puxar uma alavanca, um pedal…) quando saísse da caixa era recompensado com comida (ver video abaixo).

Processos Emotivos

Os processos emotivos correspondem às vivências de prazer/desprazer e à interpretação das relações que temos com as pessoas, objectos, ideias… Mas o que são emoções? Serão estados, alterações no corpo humano?
A emoção é uma reacção complexa a estímulos externos (mais frequentemente) e também a estímulos internos, que se traduz em reacções fisiológicas comportamentais, cognitivas, afectivas, sentimentais e em expressões faciais. Em geral todas as emoções irão desencadear uma serie de alterações corporais ou fisiológicas, como por exemplo algumas que a seguir se apresentam.

Respiração ofegante
 
Palidex /Rubor facial
  
Reacções Pilomotoras(pele de galinha)

Tremores musculares
 
Existem algumas reacções que são facilmente observáveis como as da figura abaixo, mas existem outras que são muito mais difíceis de visualizar, esta apenas podem ser observadas por especialistas na matéria ou então através de um teste chamado poligrafo[3].Estas reacções que fazem desencadear uma serie de alterações fazem parte da componente fisiológica das reacções emotivas.



Imagens do teste do poligrafo


Na componente comportamental, temos as reacções que por meio de um estado emocional desencadeiam um conjunto de comportamento distintos, como por exemplo alegria, gritos, saltos, críticas, elevada gesticulação ou até mesmo agressão.
Na componente expressiva(facial), temos as reacções mais comunicativas de todas as componentes. Estas referem-se ás reacções físicas de um dado indiciduo e que são visiveis  atodos os outros, como por exemplo a expressão facial mas fechda, ou mais aberta, sorriso, choro, aumentos do tom da voz, etc. Estas reacções são as mais importantes a nível social pois demonstram claramente o estado de espirito do individuo.

Reacções expressivas em diferentes individuos


Temos também a componente cognitiva, que se refere ao conhecimento que desencadeia uma emoção. E por último a componente subjectiva (objectiva), que se relaciona com o individuo a nível emocional, ao seja ao estado efectivo a que só ele tem acesso, é o estado afectivo associado á emoção

As emoções têm 6 tipos de funções diferentes. A primeira função é proteger o património genético das espécies (valor adaptativo). Esta função garante a sobrevivência da espécie humana, permitindo comunicar estados necessários ao equilíbrio e bem-estar e social. A segunda função é contribuir para a aprendizagem, isto é ensinar às crianças a interiorizar valores e regras sociais, ajudando-as assim no processamento de informações e de relações. A terceira função é preparar acção, relacionando os estímulos do meio externo com as respostas comportamentais (quando vemos um cão a atacar a resposta emocional activa o sistema nervoso de emergência e fugimos. A quarta função é moldar o comportamento futuro (ex. quando experimentamos algo ensina-nos a evitar situações semelhantes no futuro). A quinta função é ajudar a regular a interacção social, e por ultimo a sexta é ajudar a tomar decisões, porque as decisões são determinantes nas tomadas de decisões.

Processos Conativos

A conação é vista como um conjunto de processos que se ligam à execução de uma acção ou comportamento, os processos através dos quais se formam as inquietações, as tendências, as vontades e as intenções para agir ou actuar.

No fundo, a conação é o que faz com que um individuo se mova em direcção a um fim ou a um objectivo através da motivação, empenho, vontade e desejo para assim que este tenha um significado, como representado na figura abaixo.


Esquema do processo conativo



Tendencia/ Intencionalidade
A intencionalidade de um pensamento, emoção, percepção, etc. existe quando esse mesmo pensamento, emoção ou percepção é acerca de algo. Isto é, dizer que um estado mental tem intencionalidade significa que ele é acerca de alguma coisa. Por exemplo, quando pensamos, pensamos acerca de alguma coisa, logo o pensamento é intencional; quando sentimos, sentimos em relação a alguma coisa, logo o sentimento é intencional.
A tendência é o impulso espontâneo que orienta a conduta do indivíduo, vai do sujeito para o objecto, responde a uma necessidade interna e leva-nos a concretizar os nossos próprios objectivos. É omnipresente, persistente e inacabada. Face a uma necessidade, um desequilíbrio, há um impulso ou tendência que nos leva a querer satisfazê-la rápida e eficazmente. Depois da resposta dada, encontramo-nos saciados e, por isso, reequilibrados.